Esquina Gráfica

Quais são os tipos de acessibilidade?

Audiodescrição de Card informativo. Na parte superior, um pequeno retângulo preto, em letras caixa alta brancas, o texto: ESQUINA GRÁFICA. Na imagem, mãos negras tocam com as pontas dos dedos um texto em braille impresso em papel branco. No fundo desfocado, uma xícara branca sobre a mesa. Sobre a imagem margeada com linhas finíssimas e irregulares laranja, a frase com letras caixa alta laranja: QUAIS SÃO OS TIPOS DE ACESSIBILIDADE? Na margem inferior, sobre fundo branco, as logomarcas. Apoio: 3w4u, Soluções tecnológicas. Realização: em letras pretas estilizadas, Tita Tinta Ilustrações. Patrocínio: Prêmio Herbert Holetz, um rolo de filme para cinema se desenrola e forma a letra P. Duas formas ondulares, nas cores azul e rosa de frente uma para outra, abaixo, Fundo Municipal de Apoio à Cultura. Seis círculos distintos e agrupados, ao lado as letras C, em vermelho e MPC em verde, abaixo, Conselho Municipal de Política Cultural - Blumenau. Fotografia em preto e branco da fachada de um prédio histórico, ao lado, Secretária Municipal de Cultura e Relações Institucionais. Bandeira de Blumenau, brasão municipal centralizado sobre listas brancas e vermelhas, a esquerda uma faixa vertical ondular azul, abaixo, Prefeitura de Blumenau.

Por Tatiane Hardt

Já falamos um pouquinho sobre Acessibilidade Cultural e sua importância aqui em nosso Blog. Mas quais são os tipos de acessibilidade e a forma como se aplicam?

A importância da Acessibilidade Cultural é indiscutível, e a sua aplicação é possível em diversos âmbitos, como nas comunicações, legislação e normativas, ações pedagógicas, extinção de barreiras físicas, utilização de ferramentas tecnológicas e escolhas de comportamento pessoal.

Acessibilidade Cultural é um direito que deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de suas limitações, e para isso, é preciso estar atento aos tipos de acessibilidade e sua aplicação em todas as áreas da sociedade. Mas quando falamos em arte e cultura, deveríamos estar falando em termos sinônimos ao acesso e inclusão. Afinal, quem quer que suas obras sejam excludentes, não é mesmo?
 
Vem com a gente, vamos aprender juntos como criar, expor e vender obras acessíveis a todos os públicos.
 

Você conhece o termo CAPACITISMO?

O capacitismo está para as pessoas com deficiência como o machismo está para as mulheres ou o racismo para pessoas negras. Se baseia numa determinada concepção do corpo “certo”, “padrão”, “perfeito”. É uma forma de discriminação que se manifesta por meio da exclusão,
marginalização ou inferiorização das pessoas com deficiência, com base na crença de que elas são menos capazes ou menos valiosas do que as
pessoas sem deficiência. Esse tipo de discriminação pode ser sutil ou explícita, e pode ser encontrado em vários aspectos da vida cotidiana,
incluindo educação, emprego, saúde, transporte, cultura, entre outros.

Capacitismo (em inglês: ableism) é a discriminação e o preconceito social contra pessoas com alguma deficiência. Em sociedades capacitistas, a ausência de qualquer deficiência é visto como o “normal”, e pessoas com alguma deficiência são entendidas como exceções; a deficiência é vista como algo a ser superado ou corrigido (às vezes até ocultado/escondido), se possível por intervenção médica; um exemplo de postura capacitista é dirigir-se ao acompanhante de uma pessoa com deficiência física em vez de falar diretamente com a própria pessoa.

A noção de que Pessoas Com Deficiência – PCD – são inferiores às pessoas sem deficiência não é novidade em nossa sociedade. A história da exclusão de pessoas com deficiência remonta a diferentes civilizações antigas. Durante séculos, as pessoas com deficiência foram excluídas do convívio em sociedade, sendo colocadas em instituições ou isoladas/escondidas em casa.

No final do século XIX e início do século XX, houve uma mudança na forma como a sociedade enxergava as pessoas com deficiência, com o surgimento do movimento eugênico que promovia a esterilização forçada e o extermínio de pessoas com deficiência consideradas “indesejáveis”. Temos o triste exemplo da era nazista na Alemanha, onde milhares de pessoas foram assassinadas. Mas o movimento eugenista também teve uma história muito forte no Brasil e em outras partes do mundo.

A partir da década de 1960, com o movimento pelos direitos civis, as pessoas com deficiência exigiram mudanças nas atitudes sociais e políticas públicas.

Vale mencionar que o capacitismo é um preconceito estrutural e pode ser encontrado como opressão ativa e deliberada (insultos, considerações negativas, arquitetura inacessível), quanto como opressão passiva (como reservar às pessoas com deficiência tratamento de pena, de inferioridade e subalternidade).

audiodescrição simplificada de fotografia: homem cego sentado em um sofá, segurando sua bengala branca com as duas mãos à frente do seu corpo. Ele tem cabelo preto e curto, sobrancelhas pretas, sendo que a sobrancelha direita tem uma falha decorativa, usa barba preta e bigode bem aparados, veste uma camisa branca, uma jaqueta cinza aberta e calça jeans clara. Tem os olhos abertos, com retinas descoloridas, e uma expressão séria. Ao fundo uma parede branca e um balcão cinza onde estão dispostos livros e um quadro branco.
Foto: Tima Miroshnichenko

Essa atitude permanece presente no nosso dia a dia, enquanto fazedores de cultura, a cada nova exposição que se inaugura, que só pode ser acessada por pessoas videntes, ouvintes e sem qualquer outro tipo de deficiência.

Acesso à cultura é um direito previsto na Lei Brasileira de Inclusão. A arte pode, e deve, chegar muito mais longe, realmente acessível para todos os públicos, sem discriminação nem barreiras.

Para uma melhor compreensão dos tipos de acessibilidade, podemos dividi-los em sete categorias: Acessibilidade Atitudinal, Instrumental, Arquitetônica, Metodológica, Programática, Natural e nas Comunicações.

ACESSIBILIDADE ATITUDINAL

Refere-se ao comportamento das pessoas sem preconceitos, estereótipos, estigmas e discriminações; Um ótimo exemplo começa por trocar o termo “deficiente” por pessoa com deficiência, porque a pessoa vem antes de sua deficiência.

ACESSIBILIDADE INSTRUMENTAL

Tem como objetivo superar barreiras através de utensílios, instrumentos e ferramentas necessárias ao estudo nas escolas, atividades profissionais, de recreação e lazer. Um exemplo é o uso de software leitor de tela para pessoas cegas, que acessa a audiodescrição de imagens no alt text.

ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA

Visa a adequação de espaços e a extinção de barreiras físicas e ambientais em residências, espaços públicos e privados, edificações e equipamentos urbanos, através de rampas, elevadores e banheiros adaptados.

Exemplo de audiodescrição realizada pela empresa Look By Sound da obra “Mona Lisa“, de Leonardo Da Vinci

FICHA TÉCNICA
Audiodescrição e narração – Ligia Ribeiro
Consultoria em audiodescrição – Luciane Molina
Pintor renascentista – Leonardo da Vinci
Trilha sonora – Dolce Amoroso Foco – melodia renascentista

A pintura a óleo sobre madeira, intitulada Mona Lisa, foi pintada pelo italiano renascentista Leonardo da Vinci, entre 1503 e 1506. Mede 77 cm de altura por 53 cm de largura. Leonardo usou a técnica “sfumato“: estilo esfumaçado, com contornos sombreados, gradações de luz e sombra e variações de cores. A obra de arte está exposta no Museu do Louvre, em Paris.

ACESSIBILIDADE METODOLÓGICA

Refere-se à queda de barreiras nas metodologias de ensino, com a utilização de recursos de acessibilidade para alunos com deficiência, como textos em braille, audiodescrição de imagens ou alto relevo, por exemplo.

ACESSIBILIDADE PROGRAMÁTICA

Está relacionada às normas, leis e regimentos que respeitam e atendem as necessidades das pessoas com deficiência, e se necessário, utilizar adaptações razoáveis para incluir a todos.

ACESSIBILIDADE NATURAL

Visa a adequação de espaços para adequar ou superar barreiras da própria natureza, como no caso de um cadeirante que terá dificuldades em se locomover em uma vegetação irregular ou uma calçada repleta de árvores.

Por fim, a ACESSIBILIDADE NAS COMUNICAÇÕES refere-se ao acesso à comunicação interpessoal, escrita e virtual, como a presença de intérprete de LIBRAS em ações culturais, audiodescrição de imagens, postagens, cartazes e banners, acesso a material impresso em Braille, entre outros.

Apesar dos avanços, a exclusão e a discriminação ainda persistem em muitos espaços, com a maiora das pessoas com deficiência enfrentando barreiras para participar plenamente da sociedade em igualdade de condições. E vale mencionar que assim como não é necessário ser uma pessoa negra para entender que o racismo é um preconceito inaceitável, ser mulher para entender a importância do feminismo, também não é necessário ser uma pessoa com deficiência para entender a importância da acessibilidade e lutar pelos direitos da comunidade PCD.

Vem com a gente pensar um mundo diferente, um mundo melhor. Vamos aprender e crescer juntos!
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Arte: Tita Tinta Ilustra
Audiodescrição de card capa: @ad_ouvindoimagens

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